Igreja

IGREJA NOSSA SENHORA DA CONSOLAÇÃO




                                                Vista da frente da Igreja Nossa Senhora da Consolação

O bairro da Consolação nos idos de 1799
A região que cercava a humilde Igreja da Consolação nada tinha de aprazível: barro, lama, grandes poças de águas estagnadas faziam parte do cenário que mereceu a visita de um fiscal enviado pela Câmara na sessão de 15 de março de 1834, afim de examinar "outro pantanal que há na entrada adiante da Igreja da Consolação, na subida do morro". Mas a edificação da Igreja trouxe bênçãos àquela área, descrita como "um lugar bastante afastado da cidade e sem moradores". A ponto de ali ser aconselhada a construção de um novo cemitério na cidade. O bairro ia aos poucos definindo sua fisionomia. Não tardaram a surgir obras públicas relevantes visando proporcionar maior conforto aos moradores das casas que começaram a surgir pelos lados da igreja, estrada acima, em direção a Pinheiros.
A cidade se estendia e se desenvolvia, exigindo da humilde capela acomodações mais amplas, afim de receber um número cada vez maior de fiéis. Data de 1840 a primeira reforma, que providenciou cinco janelas, duas torres, porta principal e duas laterais, largas escadas de acesso e frente acolhedora.


                                                    Igreja Nossa Senhora da Consolação

Irmandade de Nossa Senhora da Consolação
A Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batista, instituída logo em seguida, imprimiu uma nova importância à igreja. Um de seus objetivos era o de "amparar os morféticos que em grande número vagavam pela Província". Outras doenças, porém, exigiram os cuidados e a pronta resposta da Irmandade. Como no caso da epidemia de cólera morbus que atingiu São Paulo em 1855. Tão grave foi o surto que no pátio da igreja montou-se uma enfermaria com 30 leitos.
O reconhecimento das iniciativas da Irmandade ( da qual participava o Barão de Tietê, José Manuel da Silva ) veio em forma de prédio doado pela Santa Casa de Misericórdia, concedendo à entidade o privilégio de tratar dos doentes acometidos do mal de Hansen.

                                                Confessionario Igreja Nossa Senhora da Consolação
                                       
Nossa Senhora da Consolação
No altar-mor, a tudo assistindo e abençoando, estava a pequena imagem de Nossa Senhora da Consolação, esculpida em madeira e papel machê: "De pé sobre uma esfera estrelada apresenta na mão direita um cetro e tem no peito o Divino Espírito Santo. Possui sinais, nas orelhas, de ter usado brincos, o que reforça a sua origem portuguesa". (Catálogo de arte de São Paulo ) Como aparecera essa imagem, nesse escondido canto de estrada, ninguém sabe. A versão mais aceita é que um padre agostiniano, de viagem para Sorocaba, aí parara para celebrar missa, deixando sobre o altar a imagem com a finalidade de divulgar a devoção.



Uma figura lendária: Monsenhor Bastos

                                                 Igreja Nossa Senhora da Consolação

Impossível reconstituir a história da Consolação sem citar uma figura lendária, Monsenhor Francisco Bastos, que assumiu a igreja em 5/6/1921, em meio às obras de re-construção paralisadas, herdando esmagadora dívida contraída por seus antecessores. Muito jovem ainda e inexperiente, viu-se, no dia de sua posse, diante de dois oficiais de justiça intimado a pagar 300 contos de réis, no prazo de 24 horas, sob pena de penhora da igreja. Foi árdua sua luta nos tribunais, no que foi auxiliado por uma comissão de paroquianos ilustres, como o Cel. Bento José de Carvalho, Dr. José Carlos de Macedo Soares, Cel. França Pinto, Dr. Rafael Tobias de Aguiar, entre outros. A questão foi resolvida despojando-se a igreja da Consolação de um valioso patrimônio: 150.000 metros quadrados de terrenos, logo abaixo da Faculdade de Medicina. Essa área foi divida em lotes, conforme o valor da respectiva promissória. Estava salva a honra da Consolação. Monsenhor Bastos esteve à frente da Paróquia da Consolação durante 47 anos, dos quais 13 dedicados à construção desse imponente templo, do qual ele tanto se orgulhava. "Era a igreja da moda, preferida para os casamentos elegantes, a igreja dos inolvidáveis meses de Maria, das famosas missas do meio-dia, quando se faziam ouvir ali as mais encantadoras páginas de Liszt, Bach, Schulman, Beethoven, Handel, Mendelson, Brahms, Chopin, à quais os maestros Rui Botti Cartolano e Perdigão sabiam imprimir elevada espiritualidade, ajudados pelo maravilhoso som de setenta e tantos registros do grande órgão importado da Itália em 1931.
Por volta dos anos 50, infelizmente, o bairro passou a sofrer dura transformação, perdendo sua característica de bairro residencial e vendo-se invadira pelo comércio e, pior, pela proliferação de boates e inferninhos. As famílias de sobrenome ilustre foram, uma após outra, transferindo-se para os Jardins, Pacaembu, Perdizes etc.. No lugar desse veio outras, a maioria formada por migrantes necessitados de amparo. Devagarzinho, os nobres casarões com seus jardins bem cuidados foram sendo transformados em cortiços.
A igreja de taipa não resiste às exigências do tempo
Com uma população de 3.577 habitantes, sendo "342 escravos e 8 eleitores" (Azevedo Marques), e afluência cada vez maior de devotos que acorriam em busca de graças de Nossa Senhora da Consolação, a igreja foi elevada, em 1870, à condição de Paróquia, tendo como oragos Nossa Senhora da Consolação e São João Batista, e com poderes sobre a capela de Santa Cruz das Perdizes (até 1879), sobre a de Santa Cecília (até 1891) e também sobre as igrejas do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora do Monte Serrate, do bairro de Pinheiros. Seu primeiro pároco, o cônego Carlos Augusto Gonçalves Benjamim, por razões, não registradas pediu dispensa do cargo alguns anos depois, sendo substituído pelo cônego Eugênio Dias Leite, que, na expressão dos cronistas da época, dotou o templo de Nossa Senhora da Consolação "de ricos paramentos e custosas alfaias".

Luiz Silva e Irmãos não resistiu às exigências dos tempos. Na virada do século, mais exatamente em 1907, foi derrubada. Em seu lugar construiu-se a igreja que hoje conhecemos cuja planta encomendou-se ao professor de arquitetura da Escola Politécnica Dr. Maximiliano Hehl (o mesmo que projetara as plantas das catedrais de São Paulo e Santos ).
"Nessa época, a Consolação vivia mergulhada na quietude bucólica de suas chácaras com os casarões aristocráticos de então, rodeados de árvores frondosas. E quantas eram! A de Dona Verediana Prado, que abrangia toda a parte alta da Consolação, estendendo-se por Higienópolis, Pacaembu afora; a do General Arouche, que ocupava parte da Vila buarque, largo do Arouche até a avenida São João; a da Marquesa de Santos, que descia da rua Líbero Badaró, alongando-se pelo vale do Anhangabaú, onde havia uma plantação de chá; o viaduto construído para transpor esse vale ficou conhecido como Viaduto do Chá, por causa dessa plantação.

A Religião e a Arte

                                         rta da Igreja Nossa Senhora da Consolação


A ideia do Bem seria o centro da religião platônica. Seu culto essencial é representado pela ciência e, portanto, pela virtude que deriva necessariamente da ciência. Ao lado, e subordinadas a esta espécie de Deus supremo, estão as demais idéias, denominadas por Platão, deuses eternos. Entretanto, este absoluto - o Bem e as idéias- embora transcendente, espiritual e ético, não pode tornar-se objeto de religião, nem sequer da religião assim chamada natural, dadas a suas personalidades e inatividade a respeito do mundo.


                                               Escultura na Igreja Nossa Senhora da Consolação



Quanto à avaliação da religião positiva, Platão hostiliza o antromorfismo, até querer banidos de seu estado ideal os poetas, inclusive Homero, pelos mitos fantásticos e imorais, narrados em torno dos deuses e dos heróis. Apesar de repelir os deuses da mitologia popular e poética, aceita francamente o politeísmo. É um politeísmo estranho, cujas divindades são os astros e o cosmo, animados e racionais, os assim chamados deuses visíveis, subordinados ao Demiurgo, bem como à idéia do Bem e às outras idéias. Platão pode, pois, conservar - reformada e purificada - a religião helênica, como religião do seu estado ideal.
As doutrinas estéticas de Platão são algo oscilante entre uma valorização e uma desvalorização da arte. Em todo caso, no conjunto do seu pensamento, em oposição ao seu gênio e ao gênio artístico grego, prevalece a desvalorização por dois motivos, teorético um, prático outro. O motivo teorético é que a arte resultaria como cópia de uma cópia: cópia do mundo empírico, que é já uma cópia do mundo ideal; cópia não de essências, como a ciência, mas de fenômenos. Por conseqüência, a arte deveria ser, gnosiologicamente, inferior à ciência. O motivo prático é que a arte - dada esta sua inferior natureza teorética, impura fonte gnosiológica - torna-se outro tanto danosa no campo moral. Atuando cegamente sobre o sentimento, a arte nos atrai para o verdadeiro, como para o falso, para o bem como para o mal.
Seja como for, encontramos em Platão uma tentativa de valorização da arte em si, sendo considerada a arte como uma espécie de loucura divina, de mania, semelhante à religião e ao amor, ou seja, uma espécie de revelação superior. A arte, pois - como o amor, que tem por objeto a Beleza eterna e os graus que levam até ela - deveria ser um itinerário especial do espírito para o Absoluto e o inteligível, algo como que uma filosofia, porquanto deveria atingir intuitivamente, encarnada em formas sensíveis, aquele mesmo ideal inteligível que a filosofia atinge abstratamente, na sua pureza lógica, conceptual.
Patrística

                                        Lateral Igreja Nossa Senhora da Consolação


"A fé em busca de argumentos racionais a partir de uma matriz platônica"
Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual.
Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes Padres da Igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho.

                                                       Vitrais da Igreja Nossa Senhora da Consolação

"Compreender para crer, crer para compreender". (Santo Agostinho)
Será acentuado o dualismo platônico entre sensível e inteligível, entre matéria e espírito, entre finito e infinito, entre o mundo e Deus: primeiro, identificando, por um lado, a matéria com o mal, e elevando, por outro lado, o vértice da realidade inteligível ao supra-inteligível e, em segundo lugar, elaborando uma moral ascética e mística, em relação com tal metafísica, a qual, todavia, se esforçará por unificar os pólos opostos da realidade, fazendo com que da substância do Absoluto seja gerado todo o universo até a matéria obscura.
Quanto ao destino das almas depois da morte, eis o pensamento de Platão: em geral, o destino da alma depende da sua filosofia, da razão; em especial, depende da religião, dos mistérios órfico-dionisíacos. Em geral, distingue ele três categorias de alma:
1. As que cometeram pecados inexpiáveis, condenadas eternamente;
2. As que cometeram pecados expiáveis;
3. As que viveram conforme à justiça. As almas destas últimas duas categorias nascem de novo, encarnam-se de novo, para receber a pena ou o prêmio merecido. Segundo o pensamento que lemos no Fédon, seria senhor acrescentar uma quarta categoria de almas, as dos filósofos, videntes de idéias, libertados da vida temporal para sempre.